Quanto vale uma vida?



"Depende de onde ela vem..."

Parece fria essa frase, né? Ela é, assim como as pessoas que fazem isso e ao contrário do que se pensa, não são poucas.

Vou dar um exemplo simples, recente e claro:

Odeio comparar tragédias, pois não são simples números fictícios, infelizmente são dados reais mas vamos lá.

Se você procurar nas redes sociais hashtags como "#PrayforLasVegas" ou "#PrayforBarcelona", na época dos atentados, você encontra muito, muito conteúdo. Você encontra campanhas de solidariedade de anônimos, famosos, artistas.

Ah mas, então, você vai criticar quem ajuda pessoas em um momento terrível como esse?

Claro que não!

Também não estou dizendo pelo Ibope do assunto nas redes ou "cliques" mas a internet, ou redes sociais, são um reflexo das pessoas e elas não refletiram uma solidariedade.

Isso não é algo ruim, pelo contrário, a compaixão e solidariedade, principalmente nesses momentos terríveis, é algo lindo de ver mas, infelizmente, não teve nem metade da repercussão sobre o atentado recente na Somália, onde resultou em mais de 300 mortos e 300 feridos, sendo considerado o maior atentado do ano, o maior desde o 11 de Setembro. E precisamos lembrar que a Somália é um país pobre, historicamente castigado pela miséria.

Você não vê quase nada na televisão, quem eram as pessoas que morreram, quem deixaram para trás, qual vida tinham.

Você não vê plantão de hora em hora nos telejornais, atualizando as informações.

Você não vê destaque do dia nos principais portais de notícias do mundo.

Você não vê campanha nos Trending Topics do Twitter.

Entre sábado, dia do ataque, e segunda-feira, a hashtag #IAmMogadishu (Eu sou Mogadíscio em português) gerou a "bagatela" de 200 tweets.

Isso mesmo. 3 dias após o atentado e apenas 200 tweets (usando essa hashtag).

Pôster de alunos da Universidade College London em solidariedade à Somália (Crédito: Student Union UCL)


Houve uma escassez de divulgação e cobertura do assunto.
Khaled Beydoun, um professor de Direito da Universidade de Detroit Mercy, criticou essa falta de profundidade da cobertura da imprensa nas redes sociais em um post muito compartilhado, em que diz:

"Odeio comparar tragédias humanas, mas a imprensa tradicional me obriga a fazer. Não há slogans dizendo 'nós somos Mogadíscio' nem imagens chamativas circulando pelas redes sociais em demonstração de solidariedade".


E aí eu me pergunto: as vidas dos somalianos valem menos?
O fato de mais de 600 vítimas não são o suficiente para reter a atenção da mídia do Brasil e do mundo? Por que?!
Por que algumas situações causaram mais comoção instantânea e duradoura?
A dor é a mesma!

A África é menos importante que a Europa ou os EUA para não haver compaixão do ser humano?

Estou exagerando?

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