"Lá vou eu recolher meus cacos de novo"...



... foi o que eu pensei quando você disse que precisávamos conversar.
No fundo eu sabia que esse dia chegaria e não iria demorar. Eu lia nas entrelinhas.
Por mais que eu desejasse com todas as forças que não fosse assim, por mais que eu tentasse fazer com que não precisasse ser assim..

Me lembro de, no começo, eu morrer de medo de me abrir e tudo acabar e eu me machucar de novo, mas o "pra sempre", o "por um longo tempo" era tão palpável, parecia algo certo a acontecer que eu simplesmente me joguei e, dessa vez, eu me joguei inteira, sem hesitações ou procurando algo pra me apoiar, sem medo.


Eu poderia ser muito bem representada por aquelas pessoas que não tem medo de se jogar no mar, no precipício, sem medos, sem hesitação, só a liberdade e o desconhecido. Sim, eu me senti assim. E mergulhei nesse desconhecido... 

Não vou descrever o tempo em que fiquei ali imersa pois essas memórias só ficarão mergulhadas em mim.

E, quando eu tive que chegar ao chão, sabe, doeu sim, ainda dói muito. Eu já tinha cacos, estilhaços em mim que mudaram a forma de como eu era porque nenhum pedaço realmente volta ao seu lugar de origem. Então quando me quebrei novamente, foi menos difícil, pois a rachadura já estava lá e os cacos se quebraram mais rápido mas não significa que não doeu.

Na verdade, se eu parar e pensar, já começa a doer e me faz chorar, inclusive escrever esse texto. E quanto mais passa o tempo, mais os machucados parecem doer.

E eu não culpo você por isso ou por qualquer coisa, nem a mim, nos encontramos num momento errado da vida em que não deu pra lidar com isso. Vivemos várias vidas, décadas, em pouco tempo, tudo foi muito intenso.

Talvez em outra época seria perfeito mas, querendo ou não, agora eu entendo/respeito que não dá. Enquanto isso, lá vou eu recolher de novo os meus cacos...

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