Mulher, uma reflexão. Ep #3 - escolhendo a roupa

Há dois anos, coloquei essa ideia nos rascunhos do blog. E sabe o que é pior? O assunto ainda é relevante. Algumas coisas simplesmente não mudam – e isso diz muito sobre a sociedade em que vivemos.

Vamos lá.

Hoje, quero falar sobre algo que parece simples, mas carrega um peso enorme: a escolha das nossas roupas. Não vou discutir moda ou tendências, mas sim como, muitas vezes, precisamos refletir três vezes antes de vestir algo — não por nossa culpa, mas pela culpa dos outros.

O Passado (Que Parece Presente)

Sempre foi assim. Nos anos 60, Jânio Quadros proibiu o biquíni nas praias, chamando isso de "moralização dos costumes". Nos anos 70, a atriz Leila Diniz chocou o país ao aparecer grávida de biquíni. Isso mesmo que você leu. Mulheres nunca podiam mostrar o joelho, braços, ombros, e por aí vai. 

Inclusive, há cerca de 100 anos, mulheres eram PRESAS por ter a ousadia de mostrar a coxa mais de seis centímetros acima do joelho. E, sim, policiais andavam com fitas métricas para fiscalizar isso. Investiam tempo e dinheiro nisso. 

Mano, eles investiam tempo e recurso para isso, acredita? 

E Hoje? A Mesma História, só que com Hashtag

Homens raramente são julgados pela roupa. Já as mulheres são julgadas moral e sexualmente por qualquer coisa:

  • "Está curto demais" (e "provocando" alguém).
  • "Está larga demais" (e "desleixada").
  • "Salto é obrigatório" (porque tênis "não é profissional").

Vivi isso na pele. No trabalho, fui repreendida por usar calça e tênis. Segundo minha ex-chefe (sim, uma mulher), "homem fica elegante de tênis, basta colocar um blazer, mas mulher passa imagem de relaxada". 

Até hoje, há quem diga que a mulher merece ser 3s7upr4d4 por causa da roupa, mas pelo menos mais pessoas questionam isso. Lembro que saía enquetes na TV e muita gente achava que o crime era justificável pela roupa dela.

Já pensei em ir trabalhar de short em um dia de calor. A empresa onde trabalho hoje permite, mas eu repensei quinze vezes. Por quê? Porque já recebi olhares desconfortáveis estando de calça social preta. Imagina de short, mesmo que fosse na altura do joelho.

É cansativo calcular cada peça como se fosse um risco, que, em pleno 2025, ainda precisamos nos preocupar com:

  • "Vão me sexualizar?"
  • "Vão dizer que estou pedindo atenção?"
  • "Vou ser levada a sério?"

E isso é, sem dúvida, uma das maiores merdas que ainda precisamos enfrentar.

A escolha de uma roupa nunca deveria ser um fardo ou uma decisão tomada com medo. Até lá, sigamos resistindo, uma escolha de roupa de cada vez.


E você? Já passou por situações assim? Conta nos comentários.

Comentários